quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Espírito do Judô


  • Quem teme perder já está vencido.
  • Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade.
  • Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.
  • Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário; o que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.
  • O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar.
  • Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar.
  • O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam, paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes e fé para acreditar naquilo que não compreende.
  • Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judocas.
  • Praticar judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Conselhos de Mestre

Yamashita Yoshiaki
19º aluno de Jigoro Kano
O Primeiro Faixa Preta 10ª Dan de Judô Kodokan 
Finalizando post de 25.06.2010.



6. Não escolha seus oponentes (quer dizer, não diga que você gosta ou não gosta de praticar com certas pessoas). Todos têm sua própria especialidade. Você deve tentar aprender as especialidades deles.

7. Nunca negligencie o aperfeiçoamento dos detalhes.   Praticar sem o esforço de se aperfeiçoar resultará em um progresso lento. Sempre reexamine seus hábitos, assim como os do seu oponente, enquanto se aperfeiçoa.


8. Nas práticas, ponha seu coração e sua alma naquilo que estiver fazendo. Isto vai interferir com seu progresso nas práticas se treinar sem este espírito.

9. Nunca esqueça o que o seu  professou ou outro praticante mais graduado ensinam a você. Durante a prática você fará grande progresso se tiver em mente o que eles disseram a você.

10. Tente praticar tanto quanto possível. Treinar com “meio” empenho resultará em grave atraso em seu progresso.

11. Observe e estude as técnicas tanto quanto possível quando estiver tentando se aperfeiçoar e desenvolver. A técnica e a mente são como a palma e as costas da m ão de alguém, mostrando como estão ligadas entre si.

12. Evite comer ou beber em excesso. Lembre que isto pode interromper sua prática do judô.

13. Sempre tente pensar em se aperfeiçoar e  nunca pense que você já é muito bom. Este erro é muito fácil de se cometer enquanto se aprende o judô.

14. Não existe um fim no aprendizado do judô.
   

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ippon for Life - Tiago Alves

Li no excelente Judô Informe a notícia do passamento do jovem atleta Tiago Alves e seu blog "Ippon for Life".

Para não repetir desnecessariamente, vão aqui os links. Leiam por favor: Tiago Alves, Ippon for Life.

Por uma dessas coincidências, sincronicidades ou oportunidades que a vida oferece, venho agora há pouco de uma palestra que teve por tema uma passagem dos Evangelhos e que diz assim: "muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado..." (Lucas, 12:48).

Dê-se o nome que quiser (Natureza, Vida, Universo, Cosmos, Deus, etc.) mas recebemos na existência muita coisa de valor não financeiro, mas moral, ético, que é capaz de moldar nosso caráter e tornar-nos alguém diferente, melhores em nossa condição de simples seres humanos.

Algumas dessas coisas nos proporciona o Judô quando praticado em sua verdadeira essência: coragem, mente limpa, esperança.

Já o poeta brasileiro Gonçalves Dias cantava no passado:

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.


A luta que aprendemos, é mais que uma técnica de combate corpo a corpo, é uma estratégia para a vida.


Quando nos curvamos em saudação antes de entrar no Dojô reverenciamos o local da prática, pois  é como um templo para nossa iluminação pessoal. Isso nos prepara o espírito para receber o que de melhor nos dá o Judô.

Ao nos curvarmos ainda de pé (ritsurei), diante do local onde se posta o sensei, saudamos e reverenciamos não somente o shihan Kano cujo retrato vemos por trás do sensei, mas todos os kodansha, sensei e senpai que o antecederam, contribuíram para o desenvolvimento do Judô e trouxeram até nós, em toda sua pujante essência, a arte que nos enriquece o espírito. Desenvolve-se em nosso peito a humildade necessária para receber a arte e implicitamente o compromisso de lutar pela sua continuidade.

Quando de joelhos e curvados (zarei) saudamos o sensei, demonstramos que temos a mente limpa e o coração disposto para receber o ensinamento, nos apresentamos como um filho diante do pai em quem confia e de quem espera receber a sabedoria da vida.

Se aquele que está à  nossa frente não merece esta reverência, pode ser um instrutor, mas não é um sensei. 

Se não se reverencia os mestres do passado, não se participa como elo da tradição do Judô.

Se o local de treino não tem o caráter de proporcionar a iluminação, não é um verdadeiro Dojô.

Todo instrutor e local de treino merece nosso profundo respeito. Mas os senseis e Dojôs merecem nossa reverência.

Ao Tiago Alves, onde quer que ele hoje esteja, ao Judô Informe, que nos proporcionou o motivo desta reflexão, ao nosso sensei, os senpai e demais colegas que nos dão a honra de repartir o tatame e o Dojô, respeitosamente,



REI.

domingo, 4 de julho de 2010

Um Brado em Favor do Judô

Postado no Mural de Recados do Judo Informe nesta data:

Não é de hoje e nem exclusividade do judô a cartolagem que submete o esporte à vontade, capricho e interesses de meia dúzia. Mas apesar disto o judô e outros esportes sobrevivem pelo entusiasmo e dedicação dos verdadeiros esportistas, aqueles que tenham ou não em foco as grandes competições acreditam que a prática rotineira enseja saúde e forma o caráter. Tanto de crianças quanto adultos. 

Para ser judoca, e aqui restrinjo o tema, não se precisa necessariamente estar nas Olimpíadas ou nas competições oficiais. Houve um tempo que os shiais e torneios internos; os festivais de confraternização entre escolas ou simples encontros amistosos garantiam o que de melhor podemos haver de tais eventos; integração, entusiasmo, troca de experiências e colaboração com o propósito de todos, qual seja, o crescimento do judô. 

Há muito não se vê o JU presente por estas bandas. Já não se vê em todo lugar o DO de nossa arte, mas tão somente mais uma prática ocidentalizada e divorciada dos objetivos do fundador. O DO mais parece JUTSU, sem qualquer JU

Jita Kyoei? Nem perto, já que contar medalhas se tornou mais importante que formar indivíduos. 

Seiryoku Zenyo? Passa bem longe da quantidade de energia que se despende no debate quase inócuo contra as articulações individualistas. 

Precisamos que os grandes (e verdadeiros) Judokas saiam de sua letargia e levantem a voz em favor de nossa arte. Enquanto aguardamos, nossas mãos não ficam paradas sobre os teclados, mas  suam nos kumi- kata de cada dia, por entre tatames e judogis, nos dojos de todos os tamanhos, em todas as grandes e pequenas cidades de nosso país... Nós mantemos a arte viva e fiel  às suas raízes. 

Ouvi certa vez que não são os maus que existem em maioria, porém os bons é que são tímidos. Que se ergam as vozes, pois, e se encham de destemor os que ainda guardam a alma fiel aos própositos do Judô. Não em favor de nossos gostos e inclinações, mas em prol das gerações que aqui se encontram, antes que se percam. 

Jita Kyoei. 
REI.