Li no excelente Judô Informe a notícia do passamento do jovem atleta Tiago Alves e seu blog "Ippon for Life".
Para não repetir desnecessariamente, vão aqui os links. Leiam por favor: Tiago Alves, Ippon for Life.
Por uma dessas coincidências, sincronicidades ou oportunidades que a vida oferece, venho agora há pouco de uma palestra que teve por tema uma passagem dos Evangelhos e que diz assim: "muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado..." (Lucas, 12:48).
Dê-se o nome que quiser (Natureza, Vida, Universo, Cosmos, Deus, etc.) mas recebemos na existência muita coisa de valor não financeiro, mas moral, ético, que é capaz de moldar nosso caráter e tornar-nos alguém diferente, melhores em nossa condição de simples seres humanos.
Algumas dessas coisas nos proporciona o Judô quando praticado em sua verdadeira essência: coragem, mente limpa, esperança.
Já o poeta brasileiro Gonçalves Dias cantava no passado:
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
A luta que aprendemos, é mais que uma técnica de combate corpo a corpo, é uma estratégia para a vida.
Quando nos curvamos em saudação antes de entrar no Dojô reverenciamos o local da prática, pois é como um templo para nossa iluminação pessoal. Isso nos prepara o espírito para receber o que de melhor nos dá o Judô.
Ao nos curvarmos ainda de pé (ritsurei), diante do local onde se posta o sensei, saudamos e reverenciamos não somente o shihan Kano cujo retrato vemos por trás do sensei, mas todos os kodansha, sensei e senpai que o antecederam, contribuíram para o desenvolvimento do Judô e trouxeram até nós, em toda sua pujante essência, a arte que nos enriquece o espírito. Desenvolve-se em nosso peito a humildade necessária para receber a arte e implicitamente o compromisso de lutar pela sua continuidade.
Quando de joelhos e curvados (zarei) saudamos o sensei, demonstramos que temos a mente limpa e o coração disposto para receber o ensinamento, nos apresentamos como um filho diante do pai em quem confia e de quem espera receber a sabedoria da vida.
Se aquele que está à nossa frente não merece esta reverência, pode ser um instrutor, mas não é um sensei.
Se não se reverencia os mestres do passado, não se participa como elo da tradição do Judô.
Se o local de treino não tem o caráter de proporcionar a iluminação, não é um verdadeiro Dojô.
Todo instrutor e local de treino merece nosso profundo respeito. Mas os senseis e Dojôs merecem nossa reverência.
Ao Tiago Alves, onde quer que ele hoje esteja, ao Judô Informe, que nos proporcionou o motivo desta reflexão, ao nosso sensei, os senpai e demais colegas que nos dão a honra de repartir o tatame e o Dojô, respeitosamente,
REI.
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