quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Espírito do Judô


  • Quem teme perder já está vencido.
  • Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade.
  • Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.
  • Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário; o que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.
  • O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar.
  • Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar.
  • O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam, paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes e fé para acreditar naquilo que não compreende.
  • Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judocas.
  • Praticar judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Conselhos de Mestre

Yamashita Yoshiaki
19º aluno de Jigoro Kano
O Primeiro Faixa Preta 10ª Dan de Judô Kodokan 
Finalizando post de 25.06.2010.



6. Não escolha seus oponentes (quer dizer, não diga que você gosta ou não gosta de praticar com certas pessoas). Todos têm sua própria especialidade. Você deve tentar aprender as especialidades deles.

7. Nunca negligencie o aperfeiçoamento dos detalhes.   Praticar sem o esforço de se aperfeiçoar resultará em um progresso lento. Sempre reexamine seus hábitos, assim como os do seu oponente, enquanto se aperfeiçoa.


8. Nas práticas, ponha seu coração e sua alma naquilo que estiver fazendo. Isto vai interferir com seu progresso nas práticas se treinar sem este espírito.

9. Nunca esqueça o que o seu  professou ou outro praticante mais graduado ensinam a você. Durante a prática você fará grande progresso se tiver em mente o que eles disseram a você.

10. Tente praticar tanto quanto possível. Treinar com “meio” empenho resultará em grave atraso em seu progresso.

11. Observe e estude as técnicas tanto quanto possível quando estiver tentando se aperfeiçoar e desenvolver. A técnica e a mente são como a palma e as costas da m ão de alguém, mostrando como estão ligadas entre si.

12. Evite comer ou beber em excesso. Lembre que isto pode interromper sua prática do judô.

13. Sempre tente pensar em se aperfeiçoar e  nunca pense que você já é muito bom. Este erro é muito fácil de se cometer enquanto se aprende o judô.

14. Não existe um fim no aprendizado do judô.
   

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ippon for Life - Tiago Alves

Li no excelente Judô Informe a notícia do passamento do jovem atleta Tiago Alves e seu blog "Ippon for Life".

Para não repetir desnecessariamente, vão aqui os links. Leiam por favor: Tiago Alves, Ippon for Life.

Por uma dessas coincidências, sincronicidades ou oportunidades que a vida oferece, venho agora há pouco de uma palestra que teve por tema uma passagem dos Evangelhos e que diz assim: "muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado..." (Lucas, 12:48).

Dê-se o nome que quiser (Natureza, Vida, Universo, Cosmos, Deus, etc.) mas recebemos na existência muita coisa de valor não financeiro, mas moral, ético, que é capaz de moldar nosso caráter e tornar-nos alguém diferente, melhores em nossa condição de simples seres humanos.

Algumas dessas coisas nos proporciona o Judô quando praticado em sua verdadeira essência: coragem, mente limpa, esperança.

Já o poeta brasileiro Gonçalves Dias cantava no passado:

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.


A luta que aprendemos, é mais que uma técnica de combate corpo a corpo, é uma estratégia para a vida.


Quando nos curvamos em saudação antes de entrar no Dojô reverenciamos o local da prática, pois  é como um templo para nossa iluminação pessoal. Isso nos prepara o espírito para receber o que de melhor nos dá o Judô.

Ao nos curvarmos ainda de pé (ritsurei), diante do local onde se posta o sensei, saudamos e reverenciamos não somente o shihan Kano cujo retrato vemos por trás do sensei, mas todos os kodansha, sensei e senpai que o antecederam, contribuíram para o desenvolvimento do Judô e trouxeram até nós, em toda sua pujante essência, a arte que nos enriquece o espírito. Desenvolve-se em nosso peito a humildade necessária para receber a arte e implicitamente o compromisso de lutar pela sua continuidade.

Quando de joelhos e curvados (zarei) saudamos o sensei, demonstramos que temos a mente limpa e o coração disposto para receber o ensinamento, nos apresentamos como um filho diante do pai em quem confia e de quem espera receber a sabedoria da vida.

Se aquele que está à  nossa frente não merece esta reverência, pode ser um instrutor, mas não é um sensei. 

Se não se reverencia os mestres do passado, não se participa como elo da tradição do Judô.

Se o local de treino não tem o caráter de proporcionar a iluminação, não é um verdadeiro Dojô.

Todo instrutor e local de treino merece nosso profundo respeito. Mas os senseis e Dojôs merecem nossa reverência.

Ao Tiago Alves, onde quer que ele hoje esteja, ao Judô Informe, que nos proporcionou o motivo desta reflexão, ao nosso sensei, os senpai e demais colegas que nos dão a honra de repartir o tatame e o Dojô, respeitosamente,



REI.

domingo, 4 de julho de 2010

Um Brado em Favor do Judô

Postado no Mural de Recados do Judo Informe nesta data:

Não é de hoje e nem exclusividade do judô a cartolagem que submete o esporte à vontade, capricho e interesses de meia dúzia. Mas apesar disto o judô e outros esportes sobrevivem pelo entusiasmo e dedicação dos verdadeiros esportistas, aqueles que tenham ou não em foco as grandes competições acreditam que a prática rotineira enseja saúde e forma o caráter. Tanto de crianças quanto adultos. 

Para ser judoca, e aqui restrinjo o tema, não se precisa necessariamente estar nas Olimpíadas ou nas competições oficiais. Houve um tempo que os shiais e torneios internos; os festivais de confraternização entre escolas ou simples encontros amistosos garantiam o que de melhor podemos haver de tais eventos; integração, entusiasmo, troca de experiências e colaboração com o propósito de todos, qual seja, o crescimento do judô. 

Há muito não se vê o JU presente por estas bandas. Já não se vê em todo lugar o DO de nossa arte, mas tão somente mais uma prática ocidentalizada e divorciada dos objetivos do fundador. O DO mais parece JUTSU, sem qualquer JU

Jita Kyoei? Nem perto, já que contar medalhas se tornou mais importante que formar indivíduos. 

Seiryoku Zenyo? Passa bem longe da quantidade de energia que se despende no debate quase inócuo contra as articulações individualistas. 

Precisamos que os grandes (e verdadeiros) Judokas saiam de sua letargia e levantem a voz em favor de nossa arte. Enquanto aguardamos, nossas mãos não ficam paradas sobre os teclados, mas  suam nos kumi- kata de cada dia, por entre tatames e judogis, nos dojos de todos os tamanhos, em todas as grandes e pequenas cidades de nosso país... Nós mantemos a arte viva e fiel  às suas raízes. 

Ouvi certa vez que não são os maus que existem em maioria, porém os bons é que são tímidos. Que se ergam as vozes, pois, e se encham de destemor os que ainda guardam a alma fiel aos própositos do Judô. Não em favor de nossos gostos e inclinações, mas em prol das gerações que aqui se encontram, antes que se percam. 

Jita Kyoei. 
REI.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Faixa Branca - O Site

Novidades!

Para melhorar a navegação e o estudo do Judô editaremos, a partir de hoje o site Faixa Branca.

Neste site serão publicados os artigos de estudo e nosso blog continuará como plataforma de entretenimento, notícias e curiosidades do mundo do Judô.

Visitem nosso site em http://sites.google.com/site/essenciadojudo.

Clique Aqui para acesso rápido.



Conselhos de Mestre

A partir de hoje traremos periodicamente alguns conselhos de quem sabe muito sobre Judô.

A primeira série trará, ao longo desta e das próximas semanas, 14 conselhos do shihan Yamashita Yoshiaki, o primeiro 10º Dan em Judô Kodokan, filho de um legítimo samurai e 19º aluno de Jigoro Kano.

As Instruções foram traduzidas a partir da citação a elas feitas no livro Judo Heart and Soul, de Hayward Nishioka.

Tradução livre de nossa autoria e aceitamos gratos correções para melhorar o entendimento. Eis os primeiros cinco itens:


1. Estude o modo correto de executar os arremessos. Arremessar usando força bruta não é o modo correto de vencer no Judô. O ponto mais importante é vencer com técnica.

2. Primeiro aprenda a atacar e você verá que a defesa está incluída no ataque. Você não fará progresso aprendendo a defender em primeiro lugar.

3. Não desgoste de cair. Aprenda o “timing” do arremesso enquanto você estiver sendo arremessado.

4. Pratique os arremessos movimentando seu corpo tão livremente quanto possível em todas as direções. Não se acostume ou se dedique exclusivamente para um lado. Uma grande quantidade de repetições em arremessos será recompensada com um bom arremesso.

5. Incremente o número de práticas e combates. Você não fará progresso sem prática acumulada.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Copa Alan Kardec de Judô - Três Rios

Eis aqui o link para as fotos da Copa Alan Kardec de Judô, promovida pelo sensei Alan e seus alunos.

A cobertura é do Prof. Rocha, editor do site Judoinforme.

Fotos, clique aqui.

sábado, 15 de maio de 2010

O JUDÔ BRASILEIRO, O DESEMPENHO, E AS MÍDIAS: CASO DAS OLIMPÍADAS DE ATENAS 2004 E O MUNDIAL DO CAIRO DE 2005

Abaixo um link para um excelente trabalho científico  para os que gostam de estudar o Judô.
Estamos abertos ao diálogo sobre o trabalho.

Leia o resumo

"O Judô é um desporto Olímpico que, tradicionalmente, traz medalhas neste evento para o Brasil. Através de uma análise de documentos sobre a produção das mídias, internet e  transmissões da televisão durante os eventos: 1) Olimpíadas 2004 e 2) Mundial de Judô 2005, buscou-se compreender: a) o quanto é representativa a participação brasileira em relação ao  total de medalhas distribuídas nestes eventos e, b) o comportamento das mídias em relação à participação dos atletas brasileiros. Pode-se considerar que, apesar das medalhas conquistadas, há pouca evolução no desempenho da delegação brasileira e exageros por parte da “falação Midiática”."

O trabalho na íntegra: clique aqui!

IPPON! O Caminho de um Campeão

Assistam ao trailer de um documentário sobre o campeão brasileiro Rogério Sampaio, cujo vídeo na  íntegra ou DVD para aquisição pessoal estamos procurando.

Quem souber, mande um recado.


domingo, 2 de maio de 2010

Itsutsu no kata - kata dos cinco movimentos

Kata:


O itsutsu no kata foi o último kata de Judô idealizado pelo shihan Jigoro Kano. Ele foi incluído como parte do Kodokan Kata em 1887, pelo próprio Dr Kano, partindo neste ano de uma revisão e adequação que teria feito do Itsutsu no Kata do Tenjin Shinyoryu Jujitsu School. Este kata que restou com cinco formas teria outros movimentos incluídos conforme a intenção inicial do shihan. Contudo, faleceu o Dr Kano sem incluí-las formalmente. Daí o dizer-se que restou “inacabado”. Este kata foi ensinado como “okuden”, a última habilidade a ser ensinada e diretamente pelo mestre da escola em caráter individual ao aluno.

A interpretação de cada movimento:

1. Ippon MeOshikaeshi - Pressão contínua – concentração da energia (força)
2. Nihhon MeEige - "Draw Drop" – sem resistência
3. Sanbon MeTomowakare - Separação – força centrífuga e centrípeta
4. Yonhon MeRoin - Arrastamento da maré – lei do pêndulo
5. Gohon Me –  Settsuka no wakare - Separação imediata – lei da inércia

Ippon me - Demonstra que um ataque racional e contínuo trará a derrota até mesmo contra um grande e poderoso oponente.
        Nihon me - Demonstra o princípio de usar a força do ataque do oponente contra ele mesmo.
        Sanbon me -  Demonstra o princípio do redemoinho onde o círculo interno controla o círculo externo.
        Yonhon me - Demonstra o princípio da força das marés: a maré vai puxar tudo que estiver na costa para dentro do mar, não importa qual o tamanho.
       Gohon me - Demonstra o princípio: quando energias ilimitadas colidam uma com a outra, uma deve ceder para evitar que ambas sejam destruídas. 


As raízes de cada movimento:

1 – IPPON ME – JIZO DAOSHI (DERRUBAR O ÍDOLO DE PEDRA)
Em alguns templos japoneses existe na entrada um ídolo de pedra representando uma figura humana em pé, mão direita aberta e esticada como se estivesse pedindo uma esmola e na mão esquerda um bácoro.
JIZO DAOSHBI significa “derrubar o ídolo”. A pessoa  na frente do ídolo coloca a mão direita espalmada em seu peito e começa a empurrá-lo para trás, para derrubá-lo. O ídolo cambaleia lateralmente e para trás, e a pessoa, por isto, muda a posição da mão e insiste até que o ídolo caia de costas.
O ídolo, resistindo ao impulso, acaba caindo.

2 – NIHON ME – HIKI OTOSHI (DERRUBAR PUXANDO)
HIKI OTOSHI significa “evitar a força”. A pessoa é atacada por alguém que, com um punhal, tenta estocá-la na barriga. Quando o atacante estica a mão, o atacado sai da frente, ajoelhando o joelho esquerdo no solo, pega o braço direito do atacante pelo pulso e na altura do cotovelo e, aproveitando seu impulso e evitando sua força, o desloca lateralmente até que ele caia no solo.
O atacado, não resistindo à força do atacante, acaba por derrubá-lo.

3 - SANBON ME – TO BI (FORÇAS CENTRÍFUGA E CENTRÍPETA)  ou MIKU DAKI (MOINHO D'ÁGUA)
TO BI significa “forcas centrífuga e centrípeta”. Os dois começam a girar, um em torno do outro, como se fossem planetas. Por ação da força centrípeta os dois vão se aproximando até que se tocam, pelos punhos. Continuando a girar, um deles deixa-se cair na frente do outro que por ação da força centrífuga passa por cima dele, indo cair na sua frente.
Se um deles não ceder para ganhar, os dois continuarão a girar indefinidamente numa velocidade cada vez maior

4 – YONBON ME – NAMI (ONDA)
NAMI significa “onda”. Um fica em pé, de costas para o outro, representando uma rocha. O outro. representando o mar, fica de lado para o primeiro e fazendo movimentos de círculo com as mãos, imitando o movimento das ondas, aproxima-se dele levantando as mãos à medida em que anda .Com as mãos, imita o movimento de uma onda que, aproximando-se de uma rocha, vai varrê-la com seu impulso. A onda ultrapassa a rocha e depois lentamente reflui levando tudo que encontra pela frente, inclusive a rocha. A rocha, tentando resistir à força da onda, acaba sendo levada para dentro do mar.

5 – GOHON ME – IWA (ROCHA OU EVITAR O CHOQUE)
IWA significa “rocha” e a técnica tem por finalidade demonstrar a eficiência de ser evitado um choque.
Os dois ficam afastados, com um lado voltado para o outro, e subitamente correm um contra o outro. Quando estão perto e o choque vai se dar, com os dois sofrendo as consequências, um deles deixa-se cair no solo e o outro, por ação de seu impulso, passa por cima dele. Desta forma, nenhum dos dois fica prejudicado.
Como não houve o choque, ambos saíram ganhando.

Jigoro Kano acreditava que existem cinco princípios essenciais comuns ao Judô e à todas as artes marciais. Ele sintetizou todos os ensinamentos de Judo para o número mínimo de princípios necessários para explicá-lo. Desde que esses princípios se destinam a ser universais, eles são equiparados com os movimentos naturais encontrados no universo, como uma onda no oceano ou uma hidromassagem. Este kata  aplica os fenômenos naturais observados à base teórica de ataque e defesa .

O Itsutsu no Kata é um kata "interior" que dramatiza um homem em seu caminho rumo à verdade, que reúne os elementos da natureza e se harmoniza com eles.

Observe os vídeos abaixo e procure identificar cada momento e seu significado.


O kata em sua forma exata:




O kata em uma variação apresentada pelo grande Mifune:


Fontes consultadas:



http://judoinfo.com/itsutsu.pdf

Judô - mitos, lendas e História - 1

A história do Judô é rica de fatos que se conhecidos reavivam a rica tradição de que dispomos e que muitas vezes relegamos ao esquecimento. As origens do Judô merecem ser estudadas para que não deixemos passar a essência do Caminho Suave.
A seguir, um link para um destes fascinantes momentos:
O grande Torneio entre os quatro cavaleiros celestiais do Kodokan Judo e os mestres do Jujutsu

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Espírito do Judô

(Mas ele é tão pequeno!)

(Antes de lutar com ele de novo vou me certificar que meu seguro de vida está pago em dia.)


(Judô, o caminho suave)

(De repente, Bob percebeu que caiu na velho truque da defesa com braço falso para Ippon Seioi Nage)


Desculpe, sem tradução...

sábado, 24 de abril de 2010

Ukemi Avançado

Voltando aos temas dos dois artigos  anteriormente postados (ukemi e seiryoku zen'yo), veiculamos um vídeo de prática avançada dos ukemi.
Mas advertimos, tais práticas somente devem ser exercitadas após o pleno domínio das técnicas básicas e sempre com orientação de um professor

domingo, 18 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Seiryoku Zen'yo e o aprendizado do Judô

Seiryoku Zen'yo é um dos princípios fundamentais do Judô. Uma simples, porém expressiva e adequada tradução, é “máxima eficiência”. Ou seja, o melhor uso da energia (física e mental) de forma que com o menor dispêndio de energia se consiga a máxima eficiência na ação. Nosso propósito neste post é demonstrar qual a melhor postura do aluno diante do aprendizado das técnicas (waza) de sua atual graduação.

Apenas para registro, outros dois princípios que constituem a base principiológica da ação do judoka são: jita kyoei (mútua prosperidade; mútuo benefício) e ju (princípio da suavidade). Os abordaremos oportunamente.

A estrutura didática do ensino do Judô prevê a divisão dos alunos em graus de aprendizagem representados pela cor de suas faixas. O conjunto das técnicas a serem ensinadas dividem-se em grupos previamente estruturados conforme o grau de complexidade de sua execução, adequando-os ao proporcional desenvolvimento físico e técnico do aluno. A este método chamamos Gokio.

Considerando o projeto pedagógico do ensino do Judô, o aprendizado das técnicas de uma faixa proporcionam ao aluno desenvolvimento físico e técnico, ensejando-lhe força, resistência e coordenação motora necessárias para o aprendizado dos waza das graduações seguintes.

Assim entendido, o melhor uso do tempo e da energia do aluno para que tenha garantido o melhor aprendizado e o máximo desenvolvimento de seu judô implica em sua dedicação intensiva ao aprendizado das técnicas concernentes enquanto na mesma graduação (muito embora também não vá deixar de treiná-las posteriormente). Com isto não só estará desenvolvendo uma base mínima para o desenvolvimento da luta, mas também educando seu corpo para os próximos estágios.

É bom não esquecer que as técnicas, embora ensinadas em dadas graduações, jamais deixarão de ser utilizadas por toda a vida de judoka. Ainda que prefira outras técnicas para utilizar futuramente, mesmo assim os waza fundamentais farão parte de seu “arsenal” para sempre. Não são poucos os campeonatos inclusive mundiais, que são decididos com o uso de técnicas aprendidos na primeira graduação (tais como o soto gari e de ashi barai) aplicadas com talento e maestria adquiridos ao longo do tempo.

Todavia, acreditamos que é também decorrência do mesmo princípio (seiryoku zen'yo) o aprendizado das técnicas não somente em suas formas tradicionais de execução, mas inclusive com variações menos complexas de abordagem.

Para melhor ajuizar sobre isto, faz-se necessário relembrar outra enorme contribuição do shihan Jigoro Kano, fundador do Judô: a divisão didática da execução das técnicas em três estágios, a saber tsukuri (preparo), kuzushi (desequilíbrio), kake (projeção).

As variações que se admitem são exatamente decorrentes da execução em maneira diversa de cada um destes momentos.

Tentar uma nova forma de “entrada” ou preparo (tsukuri), ou efetuar o desequilíbrio em outra direção (kuzushi), por exemplo, são maneiras eficazes de confundir o oponente e conseguir aplicar a técnica “driblando” a defesa do outro competidor.

Agindo desta forma, o aluno poderá aplicar a mesma técnica básica de maneira exitosa e contribuir para o desenvolvimento de suas habilidades individuais.

Deverá o professor, contudo, avaliar em que momento de sua graduação na faixa (conforme o grau - kyu) as variações poderão começar a ser implementadas. E aqui surge a necessidade de apreciação de uma nova variável: o grau de desenvolvimento pessoal de cada aluno.

Não obstante o Gokio se dirija aos alunos como um todo, não podemos desprezar a capacidade individual de cada aluno.

Perceber e desenvolver o waza à maneira de cada aluno, contando com seus dotes naturais ou com a rapidez com que domina as técnicas, constitui-se outra faceta de aplicar-se o seiryoku zen'yo.

Sendo as pessoas diferentes entre si, conforme sua personalidade, constituição física, idade, etc, decerto que o exercício dos waza também sofrerá ligeiras adaptações. Cada aluno encontrará uma forma que segundo sua características individuais melhor lhe aproveitará no uso eficiente das técnicas. Se um é dotado de maior força física, maior altura, maior rapidez, maior elasticidade, etc., poderá escolher não somente técnicas específicas, mas dentro de cada técnica a melhor maneira de fazer valer seus dotes naturais na forma com que as executa. Isto representa, para cada aluno, uma forma específica de melhor aproveitar e utilizar sua energia.

É onde novamente faz-se necessário a presença do professor que com sua experiência ajudará o aluno “encontrar-se” dentro do Judô, proporcionando meios adequados para aprendizado tanto da forma tradicional, quanto da variante que melhor lhe aproveite.

Nossas observações pessoais nos permitem uma visão do Judô onde o tradicional jamais é dispensado, mas admite desenvolvimento e adaptações específicas que garantam ao aluno o melhor aprendizado e aplicação possíveis dos waza sem violação do plano pedagógico do Judô.

Isto é, de fato, seiryoku zen'yo.

Alguns exemplos utilizando o waza o soto gari.



domingo, 11 de abril de 2010

A Arte de Cair

À parte o grande debate entre o Judô tradicional e o competitivo Judô moderno, que na verdade podem conviver sem se excluírem, queremos hoje anotar a importância da prática dos ukemi.

Ukemi é a técnica de cair evitando lesões ao corpo ou técnica de amortecimento das quedas.

Compõe-se de:
USHIRO UKEMI – Queda para trás;
MAE UKEMI – Queda para frente;
YOKO UKEMI – Queda para o lado;
TATI ZEMPO KAITEM UKEMI – Rolamento.

Este waza (ukemi no waza) algumas vezes é negligenciado para elastecimento do aprendizado das demais técnicas (de arremessos ou de luta no chão – nage waza e katame waza). Contudo, como poderemos observar no texto que se segue, esta técnica fundamental, indispensável desde as primeiras graduações, constitui-se na base de formação do atleta, capazes de potencializar seu desempenho futuro.

Apresentamos um texto transcrito de impressões do shihan Jigoro Kano, fundador do Judô, do início do século XX, cujo original em inglês pode ser encontrado em http://judoinfo.com/ukemi.htm , seguindo abaixo uma tradução livre que efetuamos e para a qual agradeceríamos qualquer correção para melhor apreender o pensamento do shihan.


"Sobre a importância do Ukemi
por Jigoro Kano

Hoje em dia não se vê a mesma técnica refinada que se usava. Todos adotam um estilo muito rígido e defensivo e parecem estar inteiramente preocupados com a ideia de ganhar a luta, sem qualquer sinal de que aspiram a um aperfeiçoamento do desempenho.

Aquele que visa altos objetivos para o futuro não deve estar preocupado com a derrota ou vitória no presente. A finalidade mais importante no treinamento de Judô é desenvolver velocidade e livre movimentação do corpo. Se alguém entra numa competição com a única ideia de não ser derrotado, automaticamente seu corpo torna-se rígido e defensivo - um estado inadequado para uma ação precisa eficiente. No entanto, se se considerar que é uma questão de conquistar velocidade e livre movimentação do corpo, sem estar seriamente preocupado em ser derrubado, mais cedo ou mais tarde se irá desenvolver as qualidades desejadas e tornar-se capaz de aplicá-las para o ataque ou defesa, conforme a oportunidade que se apresente.

Para se tornar verdadeiramente imbatível no Judô não se deve confiar na própria força, porque quando encontrar um adversário mais forte será certamente vencido.

Existem vários métodos de defesa, mas o princípio é o de evitar a força do oponente ou tomar uma postura capaz de reduzir o efeito da força aplicada. Outro método é usar movimentos de empurrar ou puxar, para enfraquecer a força que o adversário pretende aplicar. Para ser capaz de efetuar qualquer uma destas ações defensivas é preciso adquirir uma capacidade de movimentação livre e rápida do corpo.

Como eu já disse muitas vezes, se alguém teme ser arremessado não se pode esperar que se torne um mestre nesta arte. Para ser arremessado uma vez após outra, é preciso aprender a cair e superar o medo de ser jogado. Sem medo de ser atacado ser-se-á capaz de tomar a iniciativa de ataque. Somente seguindo esta forma de treinamento se pode aprender um correto waza de Judô. Luta e prática, que são ambos meios de treinamento, devem ser conduzidos de forma a desenvolver velocidade e livre movimentação do corpo."


Exatamente aqui entram os ukemi. Sabendo cair, tendo a convicção de que com este conhecimento não irá se machucar, perde o aluno o medo de sofrer o arremesso e, assim, de tentar utilizar um waza de ataque com técnica cada vez mais refinada.

E então, tens praticado teus ukemi? Boa semana e bons treinos!

domingo, 4 de abril de 2010

Judô - iniciando

Olá, amigos.

A partir de hoje retomaremos a proposta do blog, mas com novo conteúdo, onde nos sentimos mais à vontade.

O Judô.